O valor de uma curtida

A foto está entre as mais curtidas em um grupo de fotografia no Facebook, ela conseguiu atingir as pessoas com a sua linguagem um tanto objetiva, agora ganhou apenas um selo de um grupo de fotógrafos que tem um fim simbólico, o autor da foto está muito feliz, faz uma captura de tela compartilha em seu perfil ou em sua página profissional.
O grupo de fotografia é fechado, aceita apenas fotógrafos, sejam eles amadores ou profissionais, os membros não se importam tanto em apresentar críticas realistas perante as fotografias postadas, as vezes ganham comentários vagos e principalmente de quem não entende do assunto. Existem pessoas com um nível técnico apurado, assim como o artístico ou membros que não possuem nada destes dois.


Imagem via shutterstock.com

Cabe uma reflexão sobre a popularidade da fotografia no contexto das redes sociais, do Facebook, e ao suporte chamado “Curtida” e os números em si ou a falta deles. Quando uma curtida tem seu real valor. Se ela serve para alimentar um ego em instantes de tempo, ou ela está a serviço de um concurso fotográfico ou apenas em um grupo de fotografia. Uma foto com um grande número de curtidas pode ser considerada boa? E uma que não tem nenhuma curtida ou um nível baixo, é considerada ruim?
Não podemos aceitar que apenas curtidas dirão sobre a fotografia, se ela é boa ou não, afinal isso dependerá do nível e linguagem de cada fotógrafo, e pensar no que é bom ou ruim é algo difícil de responder, pois existem fotografias para finalidades diferentes, podemos pegar um oposto: a fotografia artística conceitual vs fotografia de formatura, por exemplo. O público e a mensagem é diferente. Algo que se encontra em grupos gerais de fotografia, é uma pluralidade de estilos. E existem grupos no Facebook que seguem determinados estilos, e por mais que poste uma foto boa ela poderá não receber tantas curtidas ou elogios.
O curtir nesse viés soa muito como um tapinha nas costas do fotógrafo, sem nem tanto esforço por parte de um pessoa que está de outro lado, e faz apenas um clique. A curtida também é uma categorização, um voto, serve como uma suposta estatística, colocar a foto no céu ou no inferno. Dá de se notar que fotos que transmite a felicidade, um ideal de vida ganham mais curtidas do que aquelas com uma linguagem mais subjetiva e artística, o que é fácil de ler, é mais digestível e vende mais.
Existe uma complexidade em curtidas fotos para concursos fotográficos que contam com pontos para ganhar, é um processo extremamente injusto, coloca uma imagem para ser curtida por diversas pessoas, e principalmente aquelas que o fotógrafo pede, seus amigos, sem contar nos fakes produtores de spam. Tal pedido soa como se fosse uma esmola, curte a minha foto para que eu ganhe o concurso, não importe se você não goste. Por outro lado, do que adianta uma avaliação de um profissional da área, que esse for sinal está arraigado a uma marca promotora do concurso e sua linha de critérios, e se o jurado não se identificar a linguagem que a fotografia apresenta, ele dificilmente ele irá dar pontos positivos.
É bom deixar um pouco de lado as categorizações ao trabalho de fotografia, principalmente em meios digitais, pois cada um sabe minimamente se a foto é bem-feita, se foi aquilo que conseguiu atingir e ao final o que importa é o fotógrafo ficar satisfeito, o que vier depois disso é uma consequência, sendo positiva, negativa ou neutra.
Deve-se parar de ficar colocando a responsabilidade de uma avaliação de tal trabalho no outro, em pessoas desconhecidas que estão na internet. E assumir uma responsabilidade do que é produzido. Seria bom conversar com um profissional mais experiente e que seja da mesma área de fotografia, pedir sugestões do que possa melhorar, atentar a dicas interessantes e descartar as que achar necessário, e mais importante coloque em prática os ensinamentos, como assistir ou participar de cursos, dos mais variados, para que cresça com a fotografia.
A técnica em fotografia é universal, o contato e a recepção pela arte é único. A curtida é uma tecnologia da modernidade, um mundo que clama por pequenos esforços para viver, comunicar e existir, custe o que custar.

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