A fotografia é supérflua?

A frase que todo mundo já deve ter ouvido no mínimo uma vez na vida quando se refere ao universo fotográfico é: Fotografia é supérfluao mais estarrecedor que existem profissionais da área que repetem tal frase e fazem cristalizar um pensamento bastante superficial perante o tema, transmitem a ideia negativa aos clientes e outros profissionais da área e pessoas no geral.
 Meu filho Conrado é o meu melhor modelo fotográfico!

Nós profissionais dialogamos com a linguagem visual chamada fotografia, mas  a linguagem escrita e falada, muitas vezes é deixada de lado, devemos analisar as linguagens, assim como analisamos uma imagem, retiramos algumas imperfeições, cortamos, corrigimos, e as imprestáveis deletamos.
Encher o peito de certezas, não questionar faz com que trabalhemos sempre no automático, não digo da câmera, mas de nossos valores. Pode-se pensar por um período inicial que a fotografia é supérflua, mas este conceito entra em confronto com a realidade da profissão ao longo do tempo.

Devemos não confrontar ou reprimir uma pessoa quando ouvimos uma frase, mas sermos inteligentes de dizer o oposto: Que a fotografia é um incrível investimento. Será mesmo que um pedreiro ao ouvir uma frase de que sua profissão é sem importância, inútil, irá continuar repercutindo e concordando com isso? Construir casas é uma besteira mesmo, um local onde as pessoas passam suas vidas, se protegem, constituem família, um lar de se viver.
Existe algo que todos nós podemos pensar em qualquer momento de nossas vidas, as fotografias de família são muito bem guardadas, é um bem extremamente precioso, e quando queremos vivermos aquela época pegamos as fotos, vislumbramos, rimos e choramos. Existe algo de supérfluo nisso?
Não é clichê dizer a ignorantes que a fotografia não é nada de supérflua dependendo do contexto onde ela se enquadra, falo em mais específico da fotografia profissional e também amadora, digo da foto feita no sentido de ser preservada e guardada, que seja passada por gerações e que seja revisitada diversas vezes. Um caso de futilidade seria o selfie feito por uma pessoa cheia de vazios existenciais que quer ganhar curtidas nas redes sociais, é uma imagem que logo se evapora no universo digital, lembrando que isso não é fotografia nestes moldes que apresento, neste caso pode ser supérflua sim.
Não devemos generalizar, cada fotografia tem seu valor, independentemente de ser positiva ou negativa. Também não podemos menosprezar outras áreas, como a foto para documento em 3×4 seria supérflua não tê-la, e com isso nem documentos possuir. Vivemos também na era da gourmetização e romantizarão principalmente de parcela de fotógrafos de casamento, como se eles fossem o suprassumo da fotografia, passamos para um extremo, em ouvirmos frases um tanto vazias em redes sociais: Fotografia é eternizar momentos. Eu tenho o poder de congelar o tempo, qual é o seu? E um engodo romântico que os cerca. Concordo sim com as frases, mas elas não devem ficar na superficialidade, devem ser debatidas, pois o universo fotográfico é sim bastante complexo.

Fotografia também é dor, as pessoas morrem, e quando existe uma imagem dela para seus familiares é algo imensurável, ela vive eterna ali no papel ou nos pixels e nos corações, mas na materialidade já se foi.
A fotografia está cada vez mais deixando de ser supérflua, com o mundo onde vivemos, rodeado de informações, tudo parece andar tão rápido, o frenesi da sociedade moderna, somos escravos de máquinas, de imagens sem algo de grandioso algo para oferecer, necessitamos sim dela, de sermos fotografados, de fotografarmos as pessoas
Nós pertencentes a área da fotografia precisamos frisar que, a mesma não é supérflua ou inútil, ter algo que devemos apresentar as pessoas, da mesma forma que um médico faz um alerta sobre consultas médicas regulares, sim, ele defende sua profissão, seus valores, e nós devemos sempre dizermos as pessoas a importância de serem fotografados, mas que tomemos cuidado para que tudo não caia no puro marketing, claro que precisamos vender, mas que isso não seja nosso único e maior motivo, para que não tornemos fotógrafos supérfluos.
As imagens que compõem este artigo foram feitas e cedidas por Mateus André

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