Como fazer Light Painting com o celular

Confira dicas de como fazer essa técnica utilizando a lanterna de um aparelho de celular

Você sabe o que é Light Painting? O Light Painting é uma técnica fotográfica simples, onde a longa exposição registra o movimento de uma origem luminosa, permitindo assim a composição espacial de desenhos com pincéis de luz. Segundo o fotógrafo Eder de Souza Melo, existem muitas ferramentas e artistas que trabalham com máquinas adaptadas, e luzes que são programadas por software. Ele, particularmente, gosta de criar sem complicação, desenvolve essa técnica usando a lanterna de um celular.
Eder explica como desenvolve a técnica.
Para essa foto, eu usei:
– Uma câmera Canon T3i (não é necessário que o modelo seja exatamente esse, mas é necessário que a câmara possua ajuste manual do obturador);
– Uma lente 18-55 (é a do próprio kit da câmera, pode ser substituída por qualquer outra grande-angular);
– Um tripé;
– Um flash Yongnuo 360;
– Um radio flash Yongnuo;
– Um celular Android com o aplicativo “Lanterna LED HD” pré-instalado;
– Um monopé (opcional);
O primeiro passo foi posicionar a modelo. Visualizei a composição que eu queria fazer e pedi que a modelo ficasse no local escolhido. Ainda não pedi que ela posasse, mas falei que ela já podia ir imaginando como queria aparecer na foto (a auxiliar do ensaio era a mãe da modelo, então as opiniões dela foram bastante úteis);
Enquanto isso, eu fiz a montagem dos equipamentos. Para esse tipo de foto, é necessário que a câmera permaneça um longo tempo em base fixa, por isso prendi ela no tripé voltada para a modelo, a uma distância aproximada de uns 5 metros. A distância focal escolhida foi de 20mm (grande-angular), para que o enquadramento da foto abrangesse um amplo espaço.
Em seguida, precisei travar o foco da lente na modelo. Como o ambiente estava todo escuro, fiz o seguinte: com a modelo ainda no mesmo lugar, entreguei para ela o celular android com a lanterna acesa (a do flash do celular) e pedi que iluminasse a si mesma. Atrás da câmera, eu fiz o ajuste de foco olhando a imagem pelo viewfinder e em seguida mudei o foco da lente de para o modo M de Manual – e assim, travei o foco.
Depois, pluguei o flash com seu receptor de rádio no monopé e o ajustei para que fosse acionado em potência máxima (1/1) a 24mm – ou seja, configurei para que seu facho de luz fosse bem forte e aberto. Conferi se ambos os radio-flashes estavam ligados e em seguida parti para a configuração da câmera.
Na câmera, ativei acionamento do temporizador de 10s e coloquei o modo manual no seguinte EXIF: 30s, ISO 100, f/11 (para uma foto de longa exposição, baixo ruído e boa profundidade de campo). Naturalmente, uma foto com um EXIF desse em um ambiente escuro seria bastante subexposta, mas como compensei a fotometria no flash externo, isso não foi problema. O balanço de branco escolhido foi o balanço para flash, com exportação em RAW.
Por último, peguei o celular Android e ativei o aplicativo “Lanterna”, colocando em seguida a cor escolhida pela modelo (vermelho) para brilhar na tela de LCD.
Avisei a mãe da modelo para que ela erguesse o monopé e direcionasse o facho de luz de cima para baixo em relação à filha dela, e só então pedi que a modelo posasse e que procurasse permanecer naquela pose até o término da foto. Apertei o botão da câmera e enquanto o temporizador contava, peguei o celular. Depois que o obturador abriu e acionou o flash, entrei na frente da câmera com o celular na mão (sempre voltado para a lente da câmera) e comecei a desenhar a trajetória que havia imaginado para aquela foto.
Detalhes:
– Nenhuma luz poderia me iluminar, nem mesmo a do celular e muito menos a do flash, senão eu acabaria aparecendo na foto;
– A modelo precisou ficar no mesmo lugar durante os 30 segundos, se não a luz por trás dela apareceria borrada sobre a sua silhueta (ela até pôde se mover um pouco, porque o flash congelou a imagem dela na foto, mas não podia se mover demais);
– A foto só deu certo porque o ambiente tinha muito pouca luz, o que permitiu que só a luz do flash e a luz do celular fossem registradas no sensor;
– O temporizador é importante para que a pressão do dedo no acionamento manual da câmera não “borre” a foto;
– A auxiliar teve que virar o flash para fora e se retirar da foto assim que o flash disparou, para que ela também não aparecesse e para que nenhum outro disparo acidental do flash detonasse a foto;
– O clareamento do céu foi feito na edição em Lightroom para que a estrutura velha do telhado aparecesse na composição.
Gostou?

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